domingo, 27 de março de 2011

BULLITT - STEVE McQUEEN - MUSTANG GT 390 FASTBACK 68

O duelo do ronco dos motores e fumaça dos pneus ainda é o padrão das perseguições de carros no cinema, e o Ford Mustang 1968 era o centro da ação. O fastback verde escuro de Steve McQueen, discretamente preparado para se encaixar na sua personificação de "cool", faz parte do folclore automobilístico e é o centro do mito do Mustang.

O filme era Bullitt, lançado pela Warner Brothers/Seven Arts em 17 de outubro de 1968. Tem 113 minutos de duração, foi dirigido por Peter Yates, com roteiro de Alan Trustman e Harry Kleiner. A perseguição de carros foi criada por Carey Loftin. Steve McQueen, Robert Vaughn, Jacqueline Bisset e Don Gordon estrelavam o filme. Leia a história do filme: Frank Bullitt, tenente da polícia de São Francisco, perdeu uma testemunha do governo para um assassino profissional e está totalmente determinado a pegar os mandantes do assassinato. A oportunidade para sua redenção profissional aparece quando ele observa o Dodge Charger R/T 440 1968 dos bandidos preso no trânsito lento de São Francisco.
1968 Ford Mustang fastback for BullittO Mustang apareceu nas telas de cinema em uma perseguição fantástica em São Francisco que mostrava o 68 GT de Bullitt decolando atrás do Dodge Charger dos bandidos
Por três minutos e meio, o Ford Mustang GT 390 fastback 1968 verde escuro de Bullitt fica colado atrás do enorme Dodge. Parado em um semáforo, o motorista do Charger aperta o cinto de segurança com uma intenção calculada. O semáforo abre, o motorista pisa no acelerador do Dodge e dois famosos muscle cars norte-americanos mostram do que são capazes. Começa a perseguição de sete minutos gloriosos.

Dois Mustangs idênticos e dois Chargers semelhantes foram usados na seqüência de perseguição de "Bullitt". Para que o Mustang de quatro marchas pudesse correr mais facilmente com o 440 Magnum Charger de quatro marchas, que era mais potente, o engenheiro de Hollywood, Max Balchowsky, instalou comando de válvulas de corrida nos dois Fords, alterou os cabeçotes e modificou a ignição e o sistema de carburação. Além disso, Balchowsky reforçou a suspensão dos quatro carros para obter mais resistência, controle e capacidade de manobra. Um Mustang e um Charger foram equipados com uma gaiola de segurança (santo antônio) completa.

A perseguição foi filmada em velocidade normal, sem partes editadas para impressionar os espectadores. A idéia era impressionar pelo realismo.
Steve McQueen as Lt. Frank BullittSteve McQueen interpretou o Ten. Frank Bullitt da polícia de São Francisco, um homem com a missão de pegar os assassinos de uma testemunha do governo
Bullitt mostra o lendário McQueen no auge da sua popularidade e o coloca em um ambiente que ele ama em sua vida pessoal: corrida de automóveis. Ele possuía muitos carros velozes e tinha carinho especial pelo seu Jaguar XKSS, pouco apropriado para se dirigir na rua, mas que ele adorava pilotar a altas velocidades pela Sunset e Serpentine Mullholland Drive nas proximidades de Los Angeles. Ele participava de eventos do Sports Car Club of America e era também um motociclista entusiasta.

McQueen insistiu em dirigir o Mustang durante a perseguição minuciosamente coreografada, mas depois de não conseguir fazer uma curva por terem-se travado as rodas, passou o desafio para o piloto profissional Bud Ekins, que dirigiu o Mustang nas bruscas manobras pelas famosas ladeiras de São Francisco. O ator/piloto dublê Bill Hickman pilotou o Charger.

Carey Loftin, experiente coordenador de cenas com dublês, criou a perseguição, desenhando um percurso por uma série de avenidas e marcos da cidade: Clay Street e Taylor Street, York Street, Potrero Hill, Kansas Street, Russian Hill e a bucólica Guadalupe Canyon Parkway. Antigos moradores de São Francisco vão perceber que a perseguição não é linear, por exemplo, os carros dão saltos pela cidade de uma tomada para outra livremente. Bem, vamos creditar isso à licença poética.

O som emitido pelo Mustang indica uso freqüente de dupla embreagem, coisa que não seria necessária com a transmissão de um Ford 68. McQueen confirmou que o ruído do motor e da transmissão do carro eram dubladas a partir de um Ford GT40 dirigido velozmente.

O maior elogio que alguém pode fazer a Loftin e ao diretor Peter Yates é que a perseguição parece real. Sem acrobacias, sem truques impossíveis. Só velocidade alucinante, exaltada pela cinematografia apurada (William Fraker) e a edição vencedora do Oscar (Frank Keller), além de múltiplos pontos de vista: visão do motorista, visão do chão, visão aérea, visão sobre os ombros, closes em McQueen e Hickman e montagens que nos levam a centímetros atrás dos pára-choques traseiros dos carros. Pat Houstis dirigiu o carro-câmera, que foi construído sobre um chassis de Corvette.

Do ponto de vista dramático, a perseguição funciona por vários motivos, um deles o silêncio: nem Bullitt nem os assassinos falam uma única sílaba, nem quando o Mustang de Bullitt fica momentaneamente bloqueado pelo trânsito, nem quando o Charger quase se arrebenta em uma defensa metálica, nem quando um dos assassinos (Paul Genge) recarrega a sua Winchester e coloca o cano para fora da janela lateral traseira, nem mesmo quando o pára-brisa de Bullitt é atingido por uma rajada de balas.

Em vez disso, a trilha sonora vibra com o "barítono" arranhado do Charger e omurmúrio tipo vespa do Mustang, o chiado dos pneus usados abusivamente, as pancadas secas dos carros à medida que as suspensões chegavam ao batente nas ladeiras da cidade e os estampidos ásperos da Winchester. A concentração muda dos participantes parece sublinhar o profissionalismo frio de Bullitt e dos homens que ele persegue. Perseguições e saltos mortais, como rachar lenha e malhar ferro, são ocupações masculinas melhor desempenhadas em silêncio.
A seqüência fez maravilhas pelo mito do Mustang, é claro, e não fez mal nenhum ao Charger. A Ford ofereceu uma edição limitada de aniversário do Mustang "Bullitt" no ano-modelo 2001.

A perseguição mudou o tom dos filmes policiais e elevou o padrão para os roteiristas e diretores, que se sentiram obrigados a superá-la. Algumas pérolas apareceram depois, particularmente em Operação França e O Esquadrão Implacável (ambos de Bill Hickman). Mesmo que a perseguição de Bullitt tenha deixado de ser a mais trabalhada da história, certamente ainda é a melhor.


__________BIG BEAR__________



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