quinta-feira, 31 de março de 2011

JAMES HUNT

 James Hunt faleceu em sua casa, em Londres, em virtude de um ataque cardíaco, ainda jovem com idade de 45 anos.

Literalmente, não se fazem mais pilotos como James Hunt. Um playboy loiro e alto, sempre explorando os limites nas pistas, vivendo a vida a mil fora delas, no verdadeiro estilo de um roqueiro, mais do que de um esportista. Era o tipo do cara que apareceria num jantar de gala, com regra de traje obrigatório, vestindo nada mais que uma camiseta e uma calça jeans…e conseguindo entrar. Mais de uma vez. Chocar o estabelecido parecia ser um de seus hobbies.
Nos anos setenta, o macacão de um piloto estava aos poucos se tornando no que hoje é percebido: uma ferramenta de marketing para os patrocinadores. Enquanto outros pilotos vendiam cada centímetro quadrado de tecido em suas vestimentas de trabalho, James achou mais divertido ter um bordado que dizia “Sexo – o café da manhã dos campeões”. Ele também gostava de beber para inebriar-se e fumava como se não houvesse amanhã – uma média de 60 cigarros por dia. E, já perto do fim da carreira, admitia até mesmo que fumava erva. “Eu gosto, me relaxa”, diria com um sorriso.
Ele também tinha uma personalidade um tanto controversa e tinha "pavio curto". Sempre teve. Uma disputa com o oponente Dave Morgan numa prova de Fórmula 3 em Crystal Palace em 1970 terminou nos guard-rails e a luta continuou ao lado da pista. Na prova decisiva de 1976 em Fuji ele saiu de seu McLaren desejando socar o chefe de equipe Teddy Mayer pelo que – ele achava – parecia ser um erro de estratégia que potencialmente lhe teria custado o titulo. Mas não era, James tinha assegurado o título e Teddy safou-se uma vez mais. E teve o incidente no GP do Canadá de 1977, quando James saiu fora na brita e queria retornar aos pits atravessando a pista. Má sorte do disciplinado fiscal que tentou puxar James para trás do guard-rail…e levou um soco nas fuças.
Apelidado “Hunt the Shunt” em sua época selvagem na Fórmula 3, Hunt construiu para si uma ótima reputação por sua pilotagem para a independente equipe de F1 de Lord Hesketh e vencer o Grand Prix da Holanda de 1975 em Zandvoort abriu as portas na McLaren para substituir Emerson Fittipaldi, em 1976. Hunt levou o desafio do título até a prova final em Monte Fuji, e um terceiro lugar sob chuva torrencial o ergueu ao ápice de sua carreira esportiva – se tornando Campeão Mundial de Fórmula 1. Ele iria vencer somente mais três Grands Prix no ano seguinte, sua carreira então iniciando um mergulho em meio a rumores de abuso de álcool, tabaco e drogas. Assinou um acordo com Walter Wolf para 1979 mas no dia seguinte ao GP de Mônaco decidiu se retirar das competições.
Tem sido dito por mais de uma vez que o acidente de Ronnie Peterson em Monza no ano anterior, que terminou com o sueco morrendo no hospital como consequência, tirou de James sua outrora destemida pilotagem. E que ele estaria em dúvida se tudo aquilo valeria o risco, mesmo quando tinha assinado seu novo acordo. Após alguns desastres financeiros ele aceitou a oferta para se tornar comentarista de TV para a BBC, acontecendo de disputar pelo microfone com Murray Walker nas transmissões, isso mais de uma vez. Tem essa deliciosa historieta sobre o GP da Bélgica de 1988, onde James aparentemente saiu para celebrar seus 40 anos levando para seu quarto duas garotas que tinha chavecado no paddock. Infelizmente não conseguiu chegar à cabine de transmissão em tempo, e o pessoal na BBC soltou algo sobre um “problema gástrico”, esperando que a verdadeira história nunca circulasse.
Depois de parar de correr, James ainda tinha aquele ar de um garotão de praia que era piloto de corridas. James tinha se tornado um bocado mais maduro do que jamais fora em seus dias como piloto. Estava comprometido com a artista Helen Dyson e mudado de estilo de vida, parado de fumar e beber, e, pela primeira vez em sua vida, considerando se firmar com alguém e sossegar. Ele fez a proposta a Helen dois meses depois, justo um dia antes de falecer.
Eu fiquei chocado ao saber que James tinha morrido de um ataque fulminante do coração.
Justo quando o antigo garoto selvagem parecia ter descoberto em si uma pessoa mais feliz e mais sossegada, o destino tinha um plano diferente para James Wallis Simon Hunt.
.................Big Bear................

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