segunda-feira, 28 de março de 2011

FEBRE DO MUSTANG

A reação do público ao Mustang 1965 foi além das expectativas da Ford, e a "Febre do Mustang" logo se tornou uma epidemia nacional.

Um caminhoneiro estava tão distraído olhando um Mustang em uma loja em São Francisco que atravessou a vitrine com seu caminhão. Em Chicago, um distribuidor teve que trancar as portas para impedir que as pessoas entrassem correndo e batessem nos carros e brigassem entre si. Um revendedor de Pitttsburgh suspendeu seu único Mustang em um elevador para lubrificação e quando percebeu havia uma multidão fazendo uma pressão tão forte e rápida que ele só conseguiu baixar o carro na hora do jantar. Outro distribuidor se viu em meio a 15 clientes querendo comprar o mesmo Mustang novo, de modo que o carro foi leiloado. O vencedor do leilão insistiu em dormir dentro do carro até que seu cheque fosse compensado.
O Mustang conversível exibia suas características em uma das duas fotos usadas em sua campanha publicitária semanal

Em todo lugar, era a mesma história. E por que não?
O Mustang parecia ótimo e era vendido por um bom preço. A versão hardtop (teto rígido) era comercializada a partir de US$ 2.368 em Detroit, aspecto certamente divulgado nas primeiras propagandas. As concessionárias não conseguiam obter os carros rápido o bastante. Os primeiros modelos eram vendidos pelo preço de tabela ou acima dele, com muito pouca margem para aceitar trocas.

Embora a expectativa de vendas no ano de estréia tivesse sido limitada originalmente a 100 mil unidades, o presidente da Divisão Ford, Lee Iacocca, elevou a estimativa para 240 mil veículos à medida que o dia de seu pronunciamento se aproximava. Mas até esse número se mostrou conservador. A Ford precisou de apenas 4 meses para vender 100 mil Mustangs. Em meados de setembro de 1965, o total era de 680.989 unidades comercializadas, um recorde no setor em todos os tempos com relação às vendas no primeiro ano, embora seu "ano" de estréia com 17 meses tivesse ajudado. O milionésimo Mustang foi fabricado em março seguinte.

Para a alegria de Dearborn, a maioria dessas vendas eram negócios "a mais", com 53% das trocas envolvendo produtos que não eram da Ford. Melhor do que isso, o Mustang 1965-1966 comum saía da loja com um expressivo custo adicional de US$ 400 em opcionais, contribuindo para aumentar os lucros que a Ford Motor Company havia calculado em US$ 1,1 bilhão para esses dois primeiros anos-modelos. Projetando brilho em toda a linha da Ford, o Mustang foi, em grande parte, o responsável pelo crescimento da participação da Ford no mercado, que passou de 20% para 22,5% em 1966, um aumento substancial.

Magia para todos
Apesar desse grande sucesso, alguns especialistas em veículos demonstravam somente um entusiasmo limitado pelo Mustang. Afinal de contas, não era basicamente um humilde Falcon por baixo daquela carroceria impressionante? Talvez fosse, embora isso não tivesse importância. Pelo menos, não para os compradores. "Esta era a magia desse carro", afirmou posteriormente Lee Iacocca. "Ele sobressaiu, embora fosse um carro comum". Ele poderia ter acrescentado que as mulheres adoravam - e compravam - Mustangs tanto quanto os homens.
O ritmo inicial das vendas do Mustang era muito grande para a fábrica da Ford em River Rouge, de modo que a produção foi iniciada em mais duas outras fábricas

A campanha publicitária foi rápida em fazer uso do grande apelo do carro, ao bolar histórias de pessoas que se transformavam assim que compravam um Mustang, como perder a timidez e ser sucesso nas festas. Típico da abordagem, uma moça encantadora em uma roupa de toureiro era mostrada com um cupê acima destes dizeres: "se ainda estão esperando por Agnes para jogar baralho e participar de grupos de discussão em Willow Lane, terão que esperar bastante. Agnes não é a mesma desde que comprou um Mustang. E Agnes tem vários passatempos novos. Nenhum deles envolve cartas. Por que você não descobre se o boato de que os donos de Mustangs se divertem mais é verdadeiro?"

Outro anúncio contava a história de "Wolfgang", que "costumava oferecer recitais de espineta para alguns amigos próximos. Então ele comprou um Mustang... Fama repentina! Fortuna! A bajulação de milhares de pessoas! Ter um Mustang despertou a fera que havia dentro de Wolfgang. O que esse carro poderia fazer por você?"

Os carros que alegavam operar esses milagres transformadores estavam divididos entre os modelos hardtop e os conversíveis produzidos até agosto de 1964 e os "verdadeiros" modelos 1965 construídos a partir de então. Entre esses últimos, estavam os cupês 2+2 que foram entregues às concessionárias em 9 de setembro de 1964, quando foi dado início à fabricação do modelo 1965. Casualmente, a Ford considerava de forma oficial todos esses carros como modelos 1965, mas, geralmente, tomava 1964 como o ano de nascimento do Mustang.

Se esses carros realmente podiam rejuvenescer personalidades, talvez fosse porque eles tinham a capacidade de ser moldados para se adequar ao estilo do comprador. Na próxima seção, descubra por que a magia do Mustang tinha muito a ver com a enorme quantidade de opções disponíveis, variando dos modelos mais conservadores e discretos até os mais irados e selvagens.
 
 


.......BIG BEAR.......
 
 
 

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