quinta-feira, 24 de março de 2011

LARRY SHINODA, CRIADOR DO FORD MUSTANG BOSS

Larry Shinoda trouxe para a Ford o estilo de um cara legal, coerente e apaixonado por carros. Seu trabalho no Ford Mustang Boss 302 de 1969 e 1970 é a prova disso.

Em 1954, o vice-presidente de estilo da Ford, Eugene Bordinat, deu ao sempre sincero Shinoda seu primeiro trabalho como designer automotivo, só para ver o recém-formado da Art Center School de Los Angeles sair de Dearborn em menos de um ano. Após uma breve temporada na vacilante Packard, Shinoda foi contratado pelo chefe de design da General Motors, Harley Earl, e logo estava trabalhando com Bill Mitchell, quem logo sucedeu Earl, em designs de conceito futurista - e futuros Corvettes.
Larry 

Shinoda
Larry Shinoda trouxe para a Ford o sentido genuíno de apaixonado por carros, uma visão de desenhos limpos e uma personalidade sincera
Shinoda seguiu seu amigo de longa data e presidente da GM Semon E. "Bunkie" Knudsen na ida para a Ford em 1968. Porém ambos foram despedidos em menos de dois anos depois em uma reestruturação amplamente divulgada. Mesmo assim, os dois deixaram suas marcas no Mustang no apertado modelo Boss de 1969 a 1971. Shinoda e Knudsen fundaram a empresa de motor-homes Rectrans, fechando-a em 1975, quando Shinoda abriu seu próprio negócio de estilo automobilístico. Shinoda faleceu no final de 1997, com 67 anos de idade. Aqui, nas palavras do próprio Shinoda, está a história de seu trabalho no Boss 302:

"Uma das primeiras coisas que eu fiz ao chegar na Ford foi arrumar o Boss 302. Eles iam chamá-lo de SR2. Tinham colocado muitas peças cromadas nele. Iam pendurar enormes frisos na lateral e embaixo das portas. Seria mais escandaloso que o Mach 1. Eles tinham uma enorme grade na traseira, uma grande tampa no tanque de gasolina, saídas de escapamento falsas, enormes pinos de capô e uma enorme tomada de ar lateral. Eu tirei tudo aquilo, recorri ao decalque de faixa em C e pintei o capô, coloquei o defletor de ar traseiro, degradês nos vidros e defletor de ar dianteiro. Esse veículo acabou se tornando um programa de melhoria do lucro. Somente alguns foram construídos, mas eles ganharam dinheiro com cada um deles.
Ford Mustang

 Boss 302 1969 de Larry ShinodaShinoda colaborou para a simplificação do design do Boss 302 de 1969
"Bunkie Knudsen e eu sabíamos que para ganhar uma parte do mercado de jovens você precisava de carros de rua que corressem como carros de corrida. A Ford nunca tinha feito aquilo antes e obviamente o Knudsen queria ganhar dos Chevrolet Z-28 no seu próprio território. Então esta foi a minha primeira tarefa ao chegar à rua Ford, criar carros de exibição e manter o programa do Boss. Eu conhecia a potência do Z-28, quais eram os seus pontos fortes e pontos fracos. Então eu tive que descobrir rapidamente do que consistia o Mustang e quais eram os novos desenvolvimentos".

"E o que eles estavam criando estava muito errado. Iam colocar um motor de alta potência, mas com dutos enormes, o que fazia a potência aparecer só em rotações elevadas. Eles precisavam de um motor com uma curva de torque muito mais plana. E precisavam de um melhor comportamento dinâmico do veículo. Eles disseram 'tudo o que tem que fazer é ser veloz', e eu disse 'não é bem isso. O Z-28 vai bem nas curvas por ser bem estável. E ele acelera melhor na saída da curva porque faz ela mais rápido, o que leva a pensar que ele tem mais potência do que realmente tem. Outro motivo que o faz ir mais rápido nas curvas é a aerodinâmica. Ele tem sustentação negativa suficiente na frente, equilibrada com a da traseira. Seu carro tem sustentação negativa na traseira por causa do pequeno defletor, mas não na frente. E a suspensão não está certa.

"Eles disseram, 'e o que você sabe sobre isso? Você é um estilista'. Eu disse, 'sou um estilista, mas também tenho bom senso e sei um pouco sobre dinâmica veícular'. Até então, a Ford nunca tinha usado o seu círculo de derrapagem (skidpad) para analisar comportamento dinâmico. O skidpad de Dearborn estava com o asfalto todo degradado na época. Eu consegui verba para repavimentá-lo.
O Ford 

Mustang Boss 302 1970 de Larry ShinodaO Boss 302 foi o único Mustang de 1970 a obter maior produção
do modelo naquele ano. Infelizmente, o Boss 302 não retornou para uma terceira temporada de corrida
"Eu coloquei algumas pessoas da Ford num avião da empresa e sobrevoamos o campo de provas da GM. Eu disse, 'Estão vendo isso? É o Black Lake'. 'Para que ele serve?' - E eu disse, 'Vocês vão ver'. E lá estava o Trans-Am Camaro do Roger Penske, o Camaro Sunoco, andando no círculo de derrapagem. Eu disse, 'É disso que vocês precisam. Vocês mexem na aerodinâmica, suspensão, resistência a rolagem e pneus para descobrir como ser o mais rápido no skidpad. É claro que você precisará fazer alguns ajustes na pista de corrida'. Naquela época, a maioria do pessoal do departamento de desempenho da Ford não entendia de dinâmica veícular, o que era lamentável. O pessoal da Chevrolet, e principalmente Frank Winchell, escreveu o manual sobre o assunto".

"E como eu disse, eu tirei todas as coisas inadequadas que eles iam colocar no Boss, incluindo o interior. Acho que economizei alguns dólares quando somamos tudo. Don Petersen, que estava no planejamento de produto naquela ocasião, incomodou-se muito com aquilo. Ele disse, 'você está tentando fazer o nosso trabalho?'. Eu disse, "não, só estou tentando fazer o trabalho, ponto".

"Mas ele poderia me apoiar somente até certo ponto. Infelizmente, eu fiz comentários pesados. Quando alguém me perguntava, "quais são suas ambições?", eu dizia 'Quero ser o primeiro americano de descendência japonesa a se tornar vice-presidente da Ford Motor Company', eu disse. E acho que o Gene Bordinat não gostou disso."





       
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